Ao fim de 50 anos de ocupação o povo tibetano não está conformado, embora a comunidade internacional e a China pensassem e desejassem que sim. As recentes manifestações ocorridas em Lhasa vieram encher-nos de vergonha e embaraçar a política internacional, que na última década tem estado completamente rendida aos encantos económicos do gigante chinês. Só que o dragão vai nu. Todo aquele "pseudo-milagre" está estruturado numa perigosa esquizofrenia política e económica, mantida à custa da escravatura de um povo e da opressão de outro, o tibetano.
Considero precipitada a ideia do boicote aos Jogos Olímpicos, o que apenas poderá beneficiar o próprio governo chinês, escudado no papel de vítima. Não só os atletas como o mundo inteiro deviam viajar para a China e invadir a capital, dar cabo da paciência da polícia e dos serviços secretos, que já devem andar num fernezim. Muitos jornalistas, muitas reportagens, muitos directos, muitas entrevistas de rua, muito falatório... Os Jogos serão uma excelente oportunidade e já estão a ser no que diz respeito ao dossier Tibete. Quanto a mim será o princípio do fim de "um país dois sistemas". Aliás um fim expectável a médio prazo. E o que virá a seguir? Não sei. Sei que isto vai ser uma enorme dor de cabeça para a diplomacia e para a economia das nossas queridas e tão democráticas nações, sempre atentas a reivindicar os valores democráticos, os direitos humanos e a liberdade dos povos.
Defendo a liberdade para os tibetanos, mas também a liberdade para os chineses.
Nota: como o governo chinês é muito dado a encenações, resolveu numa atitude desesperada iniciar a limpeza da capital de população indesejável, sim, aquela que nos querem fazer crer que não faz parte do dia-a-dia da cidade. Constam do elenco dos expulsos milhares de mendigos, emigrantes clandestinos, prostitutas, gente ligada ao jogo clandestino, etc. As autoridades querem iludir quem? Quanto a mim a elas próprias. Os Jogos ainda não começaram mas para Pequim "the game is over".