@ VJ, Out. 2008Sábado, nem dei conta que se passou mais uma semana, de ensombrada que foi pela detestável espuma dos dias e pelos afazeres egoístas que, sem apelo sem agravo, nos vão tocando e envolvendo. Pensando bem, agora aqui falando comigo no sossego do escritório, e em jeito de balanço, recordo que me despedi de uma adorável anciã, que conhecia há muitos anos e a quem sempre dediquei um especial carinho de neto. Partiu deixando muitas saudades a todos os que com ela privaram. Era uma boa alma, essa coisa rara nos dias que correm: boas almas, seres bonitos e íntegros. E como os deuses nem sempre estão dispostos a facilitar-nos a vida, a meio da semana tive ainda de lidar com o rastejamento de uma cobra venenosa mas muito pouco inteligente, donde, rapidamente foi arquitectado um plano de autodestruição sem eu ter propriamente de lhe tocar ou gastar demasiadas calorias com o seu inevitável destino. Bastou e bastará a inteligência!
Enfim, o Outono mostra-se soalheiro mas não posso dizer que estes tenham sido uns dias luminosos. Tal como esta estação do ano, à qual até dedico particular estima, fico com a sensação que esta semana, apesar de aparentemente estéril, foi de preparação para o devir de novas "estações". O que é muito bom sinal! Além do caminho limpo das bichezas rastejantes, o projecto Egeu2009 começou a tomar forma, os marinheiros foram convocados à capitania e o moral está elevado. De
Delfos recebi ainda um oráculo que me deixou optimista: "haverá pouco vento mas muitos remos, a nau lusitana carregará vinho e mel em Hellas. Assim os navegantes sejam dignos de
Hermes e
Posídon e saibam honrar
Dioniso e
Apolo".
Nos finais do Outono, depois do cair da folha, podam-se as videiras, recolhem-se as vides para de novo a planta reaparecer e frutificar. E assim se cumpre o eterno devir das estações.