29 de agosto de 2008
Noites de Verão
23 de agosto de 2008
20 anos a viajar
@ Viajante, Ago. 2008
Faz este Verão 20 anos que comecei as minhas viagens. O meu primeiro destino foi a antiga Jugoslávia. Tinha dezasseis anos e os olhos postos no mundo que finalmente começava a descobrir. Lembro-me da grande emoção que foi a expectativa de andar de avião e de não ter dormido na véspera da partida… E que emoção, pois mal sabia eu da missa a metade! A viagem fez-se em dois segmentos, Lisboa-Madrid e Madrid-Dubrovnik, e é claro que o meu baptismo de voo tinha de ser um teste à minha emergente vocação de viajante, pois mal cheguei a Barajas deparei-me com o primeiro overbooking da minha vida e uma espera de onze angustiantes horas por um novo voo que me levasse ao destino. Para descanso de quem já temia que as férias ficassem por ali mesmo, o avião da JAT (a antiga companhia aérea jugoslava) lá apareceu, velho e com ar assassino, ainda com as paredes forradas a papel florido, bem ao estilo “bloco de leste”.
Mas o melhor ainda estava para acontecer, mau tempo na aterragem, péssimo aliás, pelo que fomos obrigados a cumprir os procedimentos de emergência: almofada no colo, cabeça baixa e braços à volta das pernas. Para cena de filme só faltaram mesmo as máscaras de oxigénio e os coletes de salvação, porque de resto houve de tudo até gritos e não foram poucos. Enfim, para início não estava mal. Terminado o pesadelo (encarado aqui pelo aspirante como um ritual iniciático) começou outro: todos outros passageiros que vinham de Portugal ficaram sem bagagens durante quatro dias debaixo de um calor e humidade medonhos. Os hotéis eram de quatro e cinco estrelas (a preços incrivelmente baixos, graças ao Tito) mas a roupita teve de ser lavada na banheira e seca a secador de cabelo, porque não dava tempo ($) para lavandarias. A passeata começou mal, como tinha de ser para um baptismo a valer bem ao estilo de praxe, mas depois tudo se endireitou.
Sarajevo (Ago. 1988)
Enfim, vinte anos de viagens se cumprem com a rota programada rumo ao essencial da paz e do bem, rumo ao (a)mar.
21 de agosto de 2008
Segredos
Deixo aqui o conteúdo de um e-mail que me chegou estes dias. Sabedoria oriental em parábolas e metáforas que nos fazem pensar e nos deviam servir de guias. O mundo por certo seria tão mais azul...
O VASO DA VELHA CHINESA
Uma chinesa velha tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas. Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ia ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meio vazio.
Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água. Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.
Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser "rachado", durante o caminho para o rio o vaso disse à velha: "Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa ..."
A velhinha sorriu: "Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regavá-las. Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa!"
Cada um de nós tem o seu defeito próprio: mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante.
É preciso aceitar cada um pelo que é ... e descobrir o que há de bom nele!
20 de agosto de 2008
Tempo de L(az)er
Algures à beira-mar (Ago. 2008)
Mais um dia de trabalho e mais um intervalo de almoço recebido sempre com muito agrado. Mas desta vez deparei-me à saída da biblioteca com uma vontade imensa de não voltar da parte da tarde, de regressar sim mas a outras leituras, às leituras de Verão, aquelas feitas à beira-mar, sem tempo nem prazos, sem pressas. O dia está lindo e o calor parcimonioso convida a uma ida à areia e ao embalo das ondas. Convidava, digo eu, pois não tive outro remédio se não voltar ao trabalho e a estas outras leituras de letras muy antigas cujo gosto o calendário e o relógio teimam em tornar agridoce.
11 de agosto de 2008
... LUMINOSOS dias
As expectativas foram plenamente superadas, foram doze dias plenos de sol, com muito campo e muito mar, um mar até agora desconhecido que passei a amar com uma devoção quase religiosa. O suficiente para classificar estas férias de inesquecíveis, num Portugal lindíssimo que tem tanto de simples e de belo para nos oferecer, saibamos nós olhar para ele. O prometido alpendre encantou, os jantares tardios extasiaram ao ponto de por duas vezes causarem curiosidade a uma raposa que habitava as redondezas da herdade. As praias dos Aivados, do Malhão e da Zambujeira deixam saudades com juras de regresso no Outono para um chávena de chá quente. O "tal" Algarve continuou a não desiludir, a despedida fez-se num fabuloso dia de praia que durou até às 21h.