22 de junho de 2008
Dolce fragole
@ Viajante (Abr. 2008)
Tenho andado meio arredado daqui ocupado entre as emergências familiares recentes e o terminus da demorada investigação do meu doutoramento, que me permitirá iniciar a não menos penosa e longa caminhada da sua redacção. Comprometi-me ter esta etapa concluída antes de ir de férias, nos inícios de Agosto, e aqui estou a declará-lo urbi et orbi. Depois, carregadas as energias com muito sol, praia, chillout e bons tratos, mergulharei nas águas profundas e nas correntes normalmente imprevisíveis que envolvem a escrita de uma tese. Digo-o com algum frio na barriga pois sei o que isso significa: dias e dias fechado, concentrado ou a tentar concentrar-me, por vezes alienado, com dez ou doze horas de computador diante dos olhos, cansaço, desespero, satisfação, enfim aquela tortura agridoce que caracteriza o acto de escrever. Custa, custa muito, mas nos fim sabe muito bem. Por uma questão de sanidade mental terei de vir à superfície oxigenar (e se não vier chamem-me, por favor), por isso continuarei a andar por aqui. Se este canto foi útil para ultrapassar uma fase menos boa do meu caminho, estou certo que também o será para a dobragem de mais este cabo que é o da Boa Esperança. Ah sim, é que depois, vá para norte ou para sul, ninguém me apanhará :)
Encerro portanto a fase final da pesquisa com mais uma deslocação de trabalho a Roma, mais propriamente ao arquivo do Vaticano (agora só parcialmente secreto) e a algumas bibliotecas da Cidade Eterna. Durante dez dias andarei por aquele mundo louco que já foi o meu durante dois anos consecutivos e do qual nunca me conseguirei desligar, nem quero! Ficou-me na pele para sempre. Se conseguir encontrar um ponto de acesso livre à net dar-vos-ei notícias da minha estadia. E se esta decorrer como de costume terei muito que escrever por aqui. Por falar nisso, lembrei-me de umas certas crónicas que escrevi para cá, há uns seis anos atrás, na sequência de uma idêntica incursão de trabalho, e que fizeram as delícias dos amigos. Houve até quem as reunisse numa espécie de best of...
A ver vamos se os romanos continuam loucos e as romanas lindas de encantar. É certo que o género Sofia Loren já era, de qualquer modo distingue-se a milhas una vera ragazza romana o napolitana ;) Até aterrar no aeroporto Leonardo da Vinci, em Fiumicino, falta precisamente uma semana exigente com a preparação do trabalho a realizar. O tempo cá e lá será contado ao minuto, não me posso esquecer que tenho este compromisso comigo mesmo, acabar a via-sacra da tese para poder despreocupadamente comemorar o dia mais longo do ano e saborear em pleno os doces morangos de uma noite mágica de solstício de Verão.
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14 comentários:
O título do teu belíssimo e catártico post lembra-me o vendedor de morangos, na praia, do meu muito amado filme e livro «Morte em Veneza». Bem sei o que é esse alienar de que falas e daqui te oferenço alento. Com certeza virás de Roma muito airoso (estou a ler Gil Vicente e saem-me estes termos teatrais lol)que te inspirarão. Da minha parte podes contar com uns puxões de vez em quando, para vires à tona, caro Amigo! Boa viagem e vai mandando notícias
Estou a ver que há trabalhos bastante interessantes... e logo Roma! Confesso que fiquei com um pouquinho de inveja... mas aviso-te já que as ragazzas de lá ficam aos calcanhares das de cá!!! :)
Ah, ver Rosa Passos em Coimbra deve ser mágico. Engraçado, já tive para viver nessa cidade! Agora só regresso à Quinta das Lágrimas. Acho um lugar único.
Beijo meu,
Boa inspiração para a tese...cá fico à espera dos teus deliciosos relatos.
Vais à Biblioteca do Vaticano ???? Ohhhh Leva-me contigo....
Eu de teses não falo...depois da parte académica do mestrado, a tese foi-se enrolando, enrolando e nunca mais (também que me manda precisar de trabalhar para pagar contas?!?)
E cá para mim a confirmar-se que afinal sempre vai haver época de finalistas em setembro, quer-me bem parecer que vou deixar duas cadeiras para essa altura e tentar fazer só 4 agora... a bem da minha sanidade mental e não só (porque mesmo estando de férias, o raio do telefone de serviço não para).
Fico contente que ela tenha gostado do SPA, mas também quem não gosta de ser mimado.
Beijos para os dois e faz boa viagem.
Roma...
Vai sim, mas volta!! Ou pelo menos não deixes de dar notícias.
Vamos ficar à espera das crónicas da Cidade Eterna, as quais tenho a certeza que vão ser tão deliciosas como as de há 6 anos atrás!
bjinhos, Niso ;))
Estás de parabéns: por não baixares os braços, por não desistires, po ires buscar forças só tu sabes onde :)
Vai, vai lá ter com as italianas (puff!), mas não te esqueças das fotos e das histórias que só um viajante sabe trazer.
E como me disseste um dia "Agora não desapareças!!" :)
Amigo Viajante,
Desejos de muito força e energia positiva na "tua via-sacra". Ficarei também à espera de notícias tuas e caso não consigas fazê-lo durante a tua estadia em Roma, que seja no teu regresso...
Beijos e até breve
P.S. Atira uma moedinha por mim, tá!!!
Nuno:
meu caro, é verdade, Thomas Mann... Olha que foi sem intenção, até calhou bem :)
Espero que em breve também tu mergulhes em águas profundas. Com companhia estas empreitadas são mais fáceis de ultrapassar.
Um grande abraço!
Check-in:
Sim, Roma, é uma cidade fantástica para desenvolver qualquer trabalho. Não por muito tempo pois como dizia o Astérix ou o Obélix, já não me lembro bem, aqueles romanos são loucos :)) Daí as estórias mirabolantes que nos oferece o quotidiano daquela cidade. Adoro sentar-me numa das esplanadas ou numa das praças (a Navona é a minha preferida) e simplesmente observar.
O cenário recompensa as agruras de passar horas a fio enterrado em arquivos e bibliotecas.
Abraço meu.
Maria Manuela:
Não, não vou à Biblioteca do Vaticano porque está fechada para obras de modernização, coisa que levará alguns anos ao que dizem. Ficarei pela porta ao lado, pelo não menos mágico "Archivio Secreto Vaticano". O nome é demasiado pomposo, como dizia já tem pouco de secreto, mas para lá entrarmos ralam-nos um pouco a paciência :)))
Olha e eu de teses queria mesmo era não falar, seria sinal que este calvário já tinha terminado. Mas temos pena, ainda falta um pouco mais. O grande problema é precisamente esse, deixarmos as teses enrolarem-se. Isto tem de ser levado de enfiada e com grande disciplina, caso contrário vira tormento.
Fazes bem em repartir essa tua empreitada para não ser tão violento. Não guardo boas recordações das épocas de frequências e de exames. Outra tortura! Gostava de fazer trabalhos durante o ano, sempre que podia metia-me na avaliação contínua. Claro, eu não era trabalhador estudante, tinha essa vantagem.
Beijo
MCG:
Vou tentar dar notícias, infelizmente onde ficarei instalado não há acesso à internet. E os cibercafés ali no centro são caríssimos . Hei-de conseguir contornar o assunto e contar-vos novidades.
Bjs
P.S. Obrigado pela grata surpresa de ontem, em apareceres na Fnac... Como te disse, adoro ser surpreendido ;)
Rosa Negra:
Não te apoquentes com as italianas, como dizia a Check-in, as "gaijas" portuguesas hoje em dia dão cartas;)
Mas lá que as ragazze gostam do cavalheirismo e da gentileza dos "gaijos" tugas, lá isso gostam. Dizem que somos meiguinhos :)))))
Ci vediamo presto!
Va Lejos:
Boa lembradura, tal como já fizeste por mim desta vez serei eu a deitar por ti uma moeda na Fontana de Trevi.
Un abbraccio affettuoso!
Tens de ver as coisas pelo lado positivo. Na prática para escreveres a tese só necessitas de um livro chamado dicionário, pois todas as palavras de que necessitas estão lá. Depois é apenas uma questão de as escolher e colocar pela ordem correcta.
Abraço e boa viagem!
Rafeiro:
Bem visto, sim senhor ;) Mas olha que o "apenas" tem tanto que se lhe diga... E para ajudar à festa tenho muitas palavras para juntar que não vêm no dicionário... Português arcaico!
Por falar em lado positivo, há uns tempos utilizaste no blog da MJF uma frase do Bento Jesus Caraça que me deixou a pensar e me parece perfeita para filosofia de começo de empreitada:
"se não receio o erro é porque estou sempre pronto a corrigi-lo".
Um grande abraço!
E para além do dicionário podes ainda usar uma ferramenta fabulosa que se chama "gerador de lero lero"!!
Experimenta e depois diz-me se dá resultado ou não :))
http://www.geocities.com/padrelevedo/lerolero/lerolero.html
Beijo!
Não me queres levar na mala de mão? Prometo não fazer barulhos!!!
Boa viagem
chiao
Mcg:
as coisas que tu arranjas mulher!
Já guardei nos favoritos para a hora do aperto :))
Beijo
Gata Verde:
A minha mala de mão será mais um computador, que já começa a fazer os seus barulhinhos... O que já viajou este coitado.
Grazie, ci vediamo presto ;)
Baci
Estes teus morangos têm um ar tão apetitoso que não resisti em colocá-los no meu desktop... Dá vontade de partir o ecrãn do computador e rsrsrsrsr :)))
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