Começo por deixar claro que não concordo com esta lei do aborto. Muito menos com a forma como todo este processo do referendo tem sido conduzido, e menos ainda com a pergunta agora sujeita a escrutínio popular. Infelizmente os portugueses esperam e desesperam por uma política justa e consistente de protecção à maternidade. Quanto a mim era por aí que devíamos ir, mas enquanto as mulheres estiverem em minoria nos órgãos de poder deste país, duvido que alguma coisa seja feita nesse sentido.
Importa porém sublinhar e reafirmar que, no referendo do próximo dia 11, não estará em questão o aborto mas a sua despenalização. Este, sim, é o cerne da discussão. Eu não sou capaz, nem considero justo, nem cristão, investigar e humilhar, levar a tribunal e condenar publicamente uma mulher por ter praticado um aborto. Quem se sujeita a um acto destes, mal ou bem, ficará sempre com essa sombra dentro de si para o resto da vida, não é legítimo que a sociedade o inscreva hipocritamente no registo criminal da mulher, para memória futura.
Nestas últimas semanas muito se tem dito e escrito sobre este tema, geralmente asneiras e das grandes. Opiniões radicalizadas, muitas. A todos aqueles a quem tenho lido e ouvido argumentação do tipo "não matarás", eu respondo "quem estiver isento atire a primeira pedra". Basta de hipocrisia, essa pesada herança de tantos séculos de catolicismo romano sempre a reboque do tempo, nunca anunciando o tempo...
Considerações à parte: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
SIM!
3 comentários:
Uma vitória sem palmas... para todas as mulheres deste país.
Um abraço
Nem mais!
Abraço, este enviado a partir da terra das tripas ;-)
Há quem tema que o referendo tenha a ver com a aplicação da lei, por parte da mulher, com efeitos retractivos...isso não seria possível!... :-(
Vamos lá é pensar como deve ser. Aliás, cá dê os homens no banco dos réus? (como diriam os brasileiros). Já não são permitidos pais incógnitos.
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